Fausto Bordalo Dias sobe ao palco da Aula Magna, a 19 de novembro, para assinalar quatro décadas da edição daquele que é unanimemente apontado como um dos melhores registos da música popular portuguesa, “Por Este Rio Acima”, trabalho lançado em 1982, no selo Triângulo, da editora Sassetti. Um espetáculo da promotora Ao Sul do Mundo.
Como todas as coisas raras, uma subida de Fausto Bordalo Dias ao palco é coisa deveras preciosa. Muito mais quando o pretexto para essa fuga momentânea ao resguardo do olhar público se faz para celebrar “Por Este Rio Acima”. Sobre esse seminal álbum que Fausto gravou com músicos como Pedro Caldeira Cabral, Júlio Pereira ou Rui Júnior, entre vários outros, escreveu Viriato Teles no livro Cento e Onze Discos Portugueses – A Música Na Rádio Pública: “Por Este Rio Acima é um disco importante não tanto por ter sido uma obra "iniciática" em 1982 como por continuar a sê-lo três décadas e meia depois - e imagino que assim será ainda por muito mais tempo, já que o tempo não deixa marcas nestas canções de amor e identidade que recriam e renovam a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto usada por Fausto como ponto de partida para este disco. O "estado de graça" atingido pelos que ouvi(ve)ram este disco no ano de 1982 é irrepetível para quem lá esteve, mas continua ao alcance de qualquer novo audiente. Com uma vantagem do ouvinte de hoje sobre o de há 34 anos: tudo o que Fausto fez depois já existe, pelo que o ponto de partida se pode agora confundir com o ponto de chegada. Para nosso (muito bom) proveito”.
De facto, se há coisa que este disco deixou claro é que a sua descendência é farta num presente que soube em bom tempo reclamar Fausto como um dos seus: de B Fachada ou dos Diabo na Cruz a Filipe Sambado e tantos outros nomes grandes da nossa modernidade, muitos são os que não disfarçam nas suas obras os ecos das canções desse histórico álbum. Outro nome que justamente deve ser mencionado é o dos Lavoisier de Patrícia Relvas e Roberto Afonso, grupo que subirá ao palco da Aula Magna nesta viagem ao futuro que se imaginava para a música portuguesa em 1982.
Nas páginas da revista Blitz, há alguns anos, o fadista Pedro Moutinho também sublinhava a importância deste disco que descobriu através da rádio: “Lembro-me que fiquei fascinado com ‘O Barco Vai de Saída’. Se calhar hoje teria mais dificuldade em descobrir um disco assim”, admitia então o fadista. “Primeiro foi aquela música e depois fui desvendando o resto e descobrindo toda aquela informação. Sei que mais tarde me fez ir à procura das crónicas do Fernão Mendes Pinto”. Um disco que nos escancarou as portas de uma história que nem sempre se revelou nos compêndios, que nos fez a todos sonhar com viagens de um mundo que nos tempos retratados ainda tinha tantos segredos por desvendar.
Quarenta anos depois, na Aula Magna, sem saudosismos, sabendo antes encontrar no presente os argumentos para voltar a canções que ganharam a eternidade, Fausto, amigos de sempre e outros de agora, juntarão vozes e instrumentos para nos levarem por esse rio de canções e histórias acima, celebrando de pés firmes no agora uma música que já se sabe que tem lugar garantido no futuro. Os bilhetes já estão disponíveis na Ticketline e o valor varia entre os 25 e os 40€.
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