segunda-feira, 18 de março de 2024

MARY'S BEAM COM NOVIDADES




















"Sala Quadrada" é apresentado em Alenquer dia 22 de Março

Rockeiros de Leiria tocam esta sexta-feira no SIde B em Alenquer.

22 de Março, Side B - Alenquer

Se com os singles "Rage" e "Just a Process", este trio de Leiria intitulado Mary's Bean já eram consideradas uma das grandes promessas do rock nacional, merecendo airplay em rádios como a Olisipo, artigos na Indieota e um concerto de estreia em Lisboa no Tokyo, com este novo álbum "Sala Quadrada", editado peculiarmente num sábado, não só confirmam esse estatuto como ainda elevam a parada.
É que todas estas canções parecem saídas de um estúdio em Seattle durante os anos 90, onde o rock encontra-se com o stoner, o stoner com a alt rock vinda da eletricidade das guitarras e estas com o inconfundível sabor de uma garagem... Títulos como "Terra de Ninguém" são hinos obrigatórios a um novo rock que é animalesco, aguerrido, maturo... Tem um travo a tudo aquilo que gostávamos imenso na nossa fase mais trashy: Motorhead, Alice In Chains...

Ficámos surpreendidos por não encontrarmos nenhum dos singles no disco, mas ainda assim não deixa de soar ambiciosa esta estreia de Mary's Bean no que a trabalhos de estúdio dizem respeito.

Canções como "Spend My Time" são autênticos temas de rádio, mantendo o cariz melódico e a abrasividade que fazem deste conjunto um tão acarinhado entre as novas bandas rock. "Sid Vicious" começa com uma temática linha de baixo descendente de bandas como Slipknot, mas mesmo que menos sangrenta, continua a ser igualmente fascinante ver esta tão bela conjunção de overdrives arranharem-se umas às outras num ambiente dócil.


Os refrões de pagode são já um dos pontos fortes de Mary's Bean e mais, a referência a este suposto "ícone" do punk não desvaloriza ou tão pouco retira Mary's Bean dessa conjuntura, mesmo que "Sala Quadrada" não seja o espetáculo a três acordes que os britânicos (Sex Pistols) tão bem trilharam e seja algo mais artsy mas igualmente visceral. "Leech" é mais uma amostra do quão bem esta banda toca, com riffs de baixo que são luxuosamente tocados e que dão um toque ainda mais extravagante. Ou seja, a boa notícia é que Mary's Bean não soam a qualquer outra banda, ainda que invocando uma mão cheia delas!

"Kill The Priest" e "Dirty World" parecem ser mais provocações ao status quo: enquanto que no primeiro, Mary's Bean são teatrais e sabem puxar qualquer circle pit da manga, fazendo lembrar uma autêntica banda de pub como... Motorhead!, as baterias são de speed metal, os refrões são artsy e cantantes, lembrando Deftones, e o ritmo é constante e esfomeado... Não tiram o pé do pedal e não se atrevem a fazê-lo. É música carnal e espirituosa. É sentida e humana. É pura carne viva. A sério, é um espetáculo visual sonoro que consegue ser imaginado e ouvido do primeiro ao último acorde.

O segundo ("Dirty World") tem exatamente o mesmo tempo, 4:47. É igualmente melódico mas começa num tempo mais reflexivo, embora o joguete de guitarras com chorus sejam deliciosas e as compressões usadas nos vocais fazem estes explodir de repente mesmo nas nossas caras. Títulos como "Watch You Down" voltam a recolocar Mary's Bean no mapa do harcore, trilhando um novo caminho para este estilo. Se formos conversar sobre isto, Mary's Bean realmente não tem um gosto hardcore e grindcore que outras bandas neste campo, mas têm um sabor inigualável...

tracklist (pré-audição/clickar nas canções):

1. Spend my time
2. Terra de ninguém
3. Leech
4. Kill the priest
5. Dirty world
6. Sid vicious
7. Watch you down

Mary's Bean são Filipe Cordeiro (guitarra, voz), Rafael Santos (bateria, backing vocals) e Hélio Major (baixo, backing vocals). "Sala Quadrada" sucede aos singles "Via Town", "Just a Process" (2023) e o mais recente "Rage" (2024).

Nas suas composições o grupo reflete uma desconstrução da Sociedade e foca-se nos temas que a inquietam, como motor para uma consciência coletiva em relação aos problemas atuais.

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