Em “Santana Muxima”, Lindu Mona abre o peito à memória ancestral que pulsa entre o Atlântico e o Continente Africano, entre o corpo e o espírito. A canção é um cântico à força materna e à fé mestiça que habita o coração do povo — muxima, em quimbundo, quer dizer “coração”.
Misturando timbres orgânicos, vozes em transe e melodias que evocam tanto o tambor da Ngoma quanto a reza católica, Lindu Mona costura um som de travessia. “Santana Muxima” é ao mesmo tempo reza, sonho e maré — um tributo às Santas que protegem os caminhos, às mães que curam com ervas e canções, e à espiritualidade viva que resiste na pele do tempo.
Faixa, que integra o universo sonoro ancestral de Lindu Mona — marcado por temas como Ngasolo, Ngoma e Ofurufu — traz o laranja do fogo, o azul das águas e o castanho da terra, símbolos do encontro entre o céu e o chão. “Santana Muxima” é um convite à escuta profunda. Uma oferenda em forma de som.
BIOGRAFIA
Lindu Mona é Firmino Pascoal, nascido em S. Paulo da Assunção de Loanda (Luanda), Angola.
Com o tempo, sua carreira musical evoluiu, e Lindu Mona tornou-se integrante de grupos de rock sinfônico como Tantra e Perspectiva e acompanhou o Duo Ouro Negro e Jorge Fernando "Umbada" dentro da chamada música do mundo. A partir dos anos 1990, Lindu Mona começou a seguir o seu próprio caminho, explorando e criando músicas originais inspiradas nas sonoridades e ritmos de Angola, um dos maiores centros culturais de África. Ele fundou a sua própria editora Zoomusica, e com esta editou um álbum «Rosa Afra» (2002), outro «Bantu» em (2010) e ainda o «Kalunga» em (2023). Como Firmino Pascoal Artista editou também os discos, «Milongo de Amor» em (2017) e «Africano em Alfama» em (2019). Além das produções de estúdio, Lindu Mona tem sido um nome importante nos palcos, com uma série de concertos ao vivo em várias partes do mundo. Ele já foi apresentado em 7 concertos no prestigiado Festival Sete Sóis Sete Luas, em Itália, no Maré Agosto nos Açores, no City Of London na Cidade de Londres em Évora, Lisboa, Feira de S. Mateus em Viseu, em Tondela, S. Pedro do Sul, Guarda, Ovar, Caldas da Rainha, Lagos, Vila Real de St. António, Figueira da Foz e Fundão, etc...
A música de Lindu Mona é caracterizada por um som único que mistura o afro, o tribal, o ancestral e o eletrónico, com os ritmos e os sons da universalidade.
Lindu Mona continua a ser uma voz poderosa na música angolana e internacional, com a sua música a tocar os corações e a inspirar gerações de ouvintes quer do público em si, quer dos seus pares !
RESILIÊNCIA
Ao tempo que cria Lindu Mona em 1990, Firmino Pascoal criou depois o Festival Musidanças em 2001. Sabendo que a partir do ano 2000 muitos músicos e artistas dos ex-países de expressão portuguesa se encontravam a viver em Portugal o festival posiciona-se como um elo entre culturas, acreditando que o segredo da qualidade esteja para além das suas próprias culturas, na fusão dessas mesmas ! Até 2019 ano antes da pandemia relacionou-se com agentes culturais, artistas, músicos, poetas, artistas plásticos que vêm evocando a noção ambivalente da lusofonia.
Apesar de estudos existentes mencionarem referências históricas de mistura intercultural, só recentemente se abordam estes tabus. Festival Musidanças foi objeto de estudo etnomusicologico por parte de Bart Paul Vanspauwen para a sua tese na Universidade Nova e que revela que o segredo das relações entre a música e os músicos, a cultura e a mudança social, está na qualidade do enfoque das representações na sensibilização e na intervenção intercultural. Detetado o problema há que pôr mãos há obra !
OBJETIVO
Chamar a atenção dos Angolanos, Portugueses e do Mundo para a cultura de um povo que tem viajado pelo mundo desde o tempo da escravatura em que foi para o Brasil até aos tempos de hoje sendo responsáveis por uma grande parte das influências que o povo Brasileiro e Português têm quer a nível social, cultural, musical, religioso. Povos que emigrando para a Europa, América e outras partes do mundo vão deixando marcas no gosto e na cultura dos povos de outras latitudes. Exemplo disso é a Kizomba !

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