Terrakota estão de volta aos álbuns de energia limpa, formação renovada, baterias recarregadas e ainda mais força! Desde que voltaram à estrada em 2015, fervilhando com mais influências musicais trazidas das viagens e cruzamentos pessoais que deram corpo à nova formação, têm estado a trabalhar neste novo álbum sem pressas e com o distanciamento e a respiração necessárias para caminhar com a tranquilidade do Índio.
Tal como nos últimos três álbuns da banda, trata-se de uma edição completamente independente, só possível graças à dedicação multidisciplinar dos membros da banda, à contribuição de pessoas que gostam da arte criada pelos Terrakota através de uma campanha de CrowdFunding e à generosidade e entrega dos engenheiros de som e músicos de Lisboa que colaboraram na sua génese.
Num processo literalmente espontâneo, os Terrakota desta vez compuseram um álbum em que a maioria dos temas são em português e no qual a mensagem é transmitida com mais clareza. Curiosamente, encontramos uma sonoridade mais rock em alguns momentos, embora a busca de constantes cruzamentos sonoros dentro do caldeirão multi-étnico continue! O ponto de partida é, como sempre, África, de onde se sai e aonde se volta, trilhando rotas de escravos em sentido inverso e bebendo da fantástica diversidade musical que daí nasceu e se espalhou pelo mundo fora.
Terrakota é a constante procura de uma alquimia musical geradora de um roots moderno,
de uma música sincera e actual, executada integralmente por seres humanos. Secção rítmica pujante, diálogos constantes entre as linhas vocais, as guitarras, o kora, o sitar, o ballafon, as percussões e outros instrumentos provenientes de diferentes culturas que consolidam a linguagem worldrootskota, num mundo interligado e tricotado, onde são suprimidas todas as fronteiras, distâncias e barreiras.
Um álbum de Terrakota tambem é sempre um espaço aberto à arte trazida por outros músicos, artistas visuais e escritores. Desta vez destacam-se as participações vocais de Vitorino, Mahesh Vinayakram, Selma Uamusse e Anastácia Carvalho, Florian Doucet, uma letra de Luaty Ikonoklasta e algumas contribuições visuais de Pedro Feijão e Caelyn Robertson.
Para além da inspiração permanente de culturas de raíz, o estado das sociedades humanas e do planeta serve, mais uma vez, de base a uma mensagem crítica e consciente, de que a banda não abdica. É fazer parte deste projecto maior, em que a arte é assumidamente uma tomada de posição perante o mundo, que funciona como um apoio sustentado da criação, para que esta se possa manter livre, pura e universal.
O novo álbum de Terrakota, intitulado OXALÁ, será editado em Outubro e será apresentado ao vivo dia 7 de Outubro no Time Out Mercado da Ribeira em Lisboa, e dia 8 de Outubro, no Hard Club no Porto.
Por agora, a banda mostra o primeiro single deste trabalho, Mexe Mexe, e é para mexer mesmo: o corpo e, sobretudo, a mente. É uma canção simples, inspirada nos sons modernos oriundos do Zaire, Congo e Angola, em tom de sátira política, num apelo à dança e à mudança.
“Vais continuar aí sentado?
(…) A escolha é tua,
quem aceita compactua"
"A dívida não é certa
Há muita história bem coberta
Comissão, namorada da corrupção
Já é cultura de omissão, digestivo do patrão"
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