UM ZERO AMARELO nasceu um dia, em lugar incerto, como um trio de amigos dispostos apenas a fazer um punhado de versões de temas que, de algum modo, os tinham marcado como ouvintes e como músicos. Era, assim, uma espécie de local de descontracção que lhes permitiria relaxar das «obrigações» que tinham com os grupos em que estavam envolvidos: o Fortes (guitarra) e o Rafael (baixo) nos Mão Morta, o António (voz) na Rua do Gin. Começaram assim a dar concertos em bares, concertos esses que se multiplicaram e começaram a encorajá-los não só a continuar, como também a compor originais. Os espectáculos serviriam para a aquisição de melhor material, com todas as vantagens que isso lhes poderia trazer, e as composições começaram por ser um banco de ensaios de novos sons, longe daqueles a que os Mão Morta ou a Rua do Gin se dedicavam. Era o verdadeiro início de uma aventura de cujo passado poucos conhecem o rosto mas em que, cada vez mais, muitos acreditam no futuro. A começar por eles...
UM ZERO AMARELO, em pouco tempo, souberam conquistar um estatuto próprio. O que até não é estranho se pensarmos que a forte componente emotiva dos seus temas lhes permitem transmitir as suas visões de um modo muito próprio, o que, logo à partida, os distancia de qualquer convenção sonora. A sua presença em palco tem vindo, gradualmente, a ser mais apreciada um pouco por todo o lado, e são já incontáveis os espaços que preencheram com a densidade e expressividade da sua música, entretanto complementada com a entrada do Tiago para o baixo e do Marcos para a bateria, libertando o Rafael para uma segunda guitarra.
Outra característica que os distingue e os torna únicos é a perfeita articulação métrica dos seus textos, que nos falam todas de uma estranha espécie de solidão. Se é reconhecidamente difícil escrever e cantar em Português, UM ZERO AMARELO abatem qualquer preconceito e percorrem a língua mãe com uma clarividência tal que é impossível não reconhecer a sua marcada veia poética, reforçada pelo jogo de sons melódicos, por vezes, e tortuosos que se entrelaçam numa simbiose perfeita de emoções contraditórias.
Não são poucas, por esta altura, as vozes que exigem a gravação de um disco por parte d' UM ZERO AMARELO. As críticas têm sido muito positivas e não seria de espantar que a oportunidade surgisse mais cedo do que eles próprios esperam. Por enquanto gravaram já três maquetas, para se ambientarem ao trabalho em estúdio e para se poderem promover através dessa via. Gravaram também uma sessão ao vivo na Rádio Universitária do Minho, recebida com grande entusiasmo por todos os que com ela tomaram contacto, o que reforçou a sua reputação de grupo imprescindível para o futuro da música rock que se faz em Portugal. Esta convicção foi ainda mais sublinhada com as suas participações em À Sombra de Deus - 94 e em 100%, duas compilações onde foi possível encontrar temas seus entre os melhores quer de uma quer de outra gravação.
Na sua carreira, para além de tudo o que foi já dito, contam ainda com a primeira parte dos concertos em Portugal dos Gene Loves Jezebel, bem como dos Inspiral Carpets, para além de um número já incontável de espectáculos, um pouco por todo o país.
Por todas estas razões, e por muitas outras que cabe a cada um descobrir, é fatal que um dia UM ZERO AMARELO seja a maior das vossas paixões. Não vos neguem a oportunidade de os deixar entrar no vosso mundo.
pedro portela.
1998
Em 2000 editaram o seu unico disco pela NorteSul.
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