Alergia mergulha num espaço-tempo distinto do nosso, infectado de riffs nostálgicos que têm tanto de conforto como de ansiedade, pleno de jogos melódicos de tonalidades abertas e escalas contentes feitas melancólicas quando calha.
Nuno Loureiro, autor do promissor Learning Exercises on How To Move On, que assinou enquanto Mada Treku, membro de Fugly e recentemente de Solar Corona, assina agora como Lorr No o seu regresso aos discos. Desde a sua génese nos inícios de 2019 que tem vindo a explorar texturas, resquícios de breaks e vozes indistintas, prendando as caves da música alternativa portuguesa com os seus sets oscilantes entre o jungle, techno e o ambient. Enquanto em “alfg1”, música presente na compilação inaugural da editora Turva, encontramos um retrato da sua face mais subterrânea e percutiva, em Alergia o caminho é outro. O sintetizador assume-se como o foco único, num diálogo consigo mesmo desenvolvendo-se em reflexos melódicos de si próprio e tornando o disco num objecto tão complexo porém hermético como o próprio instrumento. No entanto, ainda que com uma técnica diferente, a voz é a mesma, desenrolando numa narrativa ecléctica, ora introspectiva ora expansiva, que se tem vindo a desenvolver desde a sua primeira cassete como Mada Treku, editada também pela Favela Discos em 2015.
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