sexta-feira, 20 de agosto de 2021

ANDRÉ CARVALHO EDITA DISCO LOST IN TRANSLATION

“Traduzir o intraduzível através de música que escrevi para o meu novo trio”. É desta forma que o contrabaixista e compositor André Carvalho define o seu novo álbum Lost in Translation.

SINGLE “UITWAAIEN”

“Uitwaaien” é o primeiro single do novo álbum do contrabaixista e compositor André Carvalho. De origem holandesa, "Uitwaaien" é uma palavra intraduzível que significa “sair para passear num dia ventoso, com o intuito de espairecer e relaxar a cabeça”.

“Quando escrevi este tema inspirado nesta palavra homónima, imaginei algo contemplativo mas ao mesmo tempo com uma certa tensão, já que o significado de Uitwaaien remete para uma acção libertadora. Usando um tempo lento, desenvolvi várias secções contrastantes em que as melodias principais são calmas, em oposição à secção de solos que é inquietante e áspera”.

O vídeoclip foi filmado pelo realizador Pedro Caldeira durante a sessão de gravação que se realizou no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço em Dezembro de 2020.

ÁLBUM LOST IN TRANSLATION

André Carvalho lança o seu 4º álbum enquanto líder, inspirado em palavras intraduzíveis.

Segundo o contrabaixista e compositor, após ter tropeçado neste maravilhoso mundo das palavras intraduzíveis, escreveu um novo ciclo de música inspirado em palavras de mais de 10 línguas como o Sueco, Urdu e Wagiman (língua actualmente falada por apenas 2 pessoas no mundo).

Ao referir-se a este novo trabalho, André pretende colocar a seguinte pergunta: “Alguma vez quiseram dizer algo mas não encontraram a palavra certa?”. Segundo André, por vezes a palavra está mesmo na ponta da língua mas, outras vezes, simplesmente não existe uma palavra… Ou, pelo menos, na nossa língua. Carvalho continua, dizendo que, por mais fascinante que a língua Portuguesa seja, sempre teve dificuldade em expressar certas ideias usando apenas uma palavra. E, mesmo que soubesse todo o léxico, tem a certeza que este problema persistiria.

“Não só queria escrever música inspirada neste universo tão peculiar como também, usar uma instrumentação diferente da que usei nos meus anteriores álbuns. Paralelamente, idealizava um grupo sem bateria, onde o espaço e o respeito pelo silêncio fosse uma constante. E, com vista a perseguir uma sonoridade contemplativa, intimista e ao mesmo tempo crua, algo que imaginava com bastante clarividência, tentei usar elementos colorísticos e texturais, para além dos tradicionais elementos musicais como a melodia, harmonia e ritmo. Com todos estes pressupostos a escolha dos músicos pareceu-me óbvia!”.

Assim, a Carvalho junta-se o saxofonista José Soares e o guitarrista André Matos, músicos com quem tem colaborado intensamente nos últimos anos e que formam, assim, o “core” do grupo. Nalguns dos temas, junta-se ao trio o jovem trompetista João Almeida.

A busca incessante por novas sonoridades tem levado o contrabaixista a explorar algumas áreas musicais tais como o jazz, a música improvisada, a música experimental e a música contemporânea dita erudita. Por isso, não será de estranhar que coabitem no mesmo álbum composições que exploram diferentes sonoridades, tempos, silêncio, espaço, cores, dinâmicas, texturas e ruídos.

Ao falar sobre Lost in Translation, André cita uma icónica frase de Wittgenstein: “os limites da minha língua significam os limites do meu mundo”. André diz realmente acreditar nisto e que, para si, ao aprendermos novas palavras, a nossa consciência se torna mais sensível aos outros, tornamo-nos mais empáticos e o nosso mundo se torna mais rico.

Estão já agendadas algumas apresentações ao vivo de Lost in Translation, nomeadamente, na Galeria Zé dos Bois (14 de Outubro), na Casa da Cultura de Setúbal (15 de Outubro) e na Casa da Música do Porto (16 de Outubro).

O álbum sairá dia 15 de Outubro pela editora americana Outside in Music e conta com os apoios da Fundação GDA, Antena2, Companhia de Actores e do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço. Gravado, misturado e masterizado pelo engenheiro de som Tiago de Sousa com quem Carvalho trabalhou nalguns dos seus discos anteriores, o artwork foi desenvolvido pela designer Margarida Girão. Lost in Translation sucede-se a The Garden of Earthly Delights (Outside in Music, 2019), inspirado no famoso quadro homónimo de Hieronymus Bosch.

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