terça-feira, 6 de dezembro de 2022

FESTA DO JAZZ ESGOTA PASSES ESPECIAIS E COLOCA BILHETES INDIVIDUAIS À VENDA

 















Depois de anunciado o programa completo e esgotadas as edições especial de passes para a edição comemorativa dos 20 anos da Festa do Jazz, acabam de ser colocados à venda os bilhetes para todos os concertos, na Ticketline (ticketline.sapo.pt) e na bilheteira do CCB (www.ccb.pt/evento/festa-do-jazz).

No que diz respeito ao cartaz, além dos já anunciados Salvador Sobral e de Trilok Gurtu, a Festa deste ano conta com um programa de luxo.

Descubra o melhor do jazz português, bem como debates e o Encontro Nacional de Escolas de Jazz. Este ano, o festival tem lugar em três locais icónicos de Belém, cada um único por si só: o CCB - Centro Cultural de Belém, arquitetonicamente deslumbrante, onde se realiza o programa principal de concertos, o Picadeiro do Antigo Museu dos Coches, que acolherá o Encontro Nacional de Escolas de Jazz, bem como dois concertos exclusivos, e a eclética livraria e espaço para eventos Ler Devagar no Lx Factory com Jam Sessions à noite. Para além de uma oferta musical diversa, a Festa do Jazz acolherá mais uma vez painéis de discussão sobre temas sociais relevantes.

Todos os concertos no CCB serão transmitidos ao vivo na RTP Palco (www.rtp.pt/play/palco/palcos/festadojazz) e estarão disponíveis na plataforma digital durante um ano.

FESTA DO JAZZ 20 ANOS – POR CARLOS MARTINS

Compreender a Festa do Jazz (FdJ) é determinante para compreender o jazz nas últimas décadas em Portugal, nomeadamente nos últimos 20 anos. Por isso fizemos um livro, editado em 2020 -única edição do género em Portugal- dos últimos 20 anos, sobre os universos, pessoais e colectivos, criados e/ou estimulados pela Festa.

Mas explicar tudo o que foi feito nos últimos 20 anos poderia ser, além de extenso, um exercício fútil discorrendo números e impactos que não serão nunca tão importantes como a visão qualitativa e simbólica dos inúmeros encontros e criações feitas pelos músicos portugueses de Jazz que são o centro da Festa. Foram estes músicos que iniciaram a internacionalização do Jazz que se faz em Portugal bem como os caminhos da pedagogia.

Por isso prefiro, enquanto diretor artístico, sublinhar algumas ideias e práticas essenciais à FdJ que são importantes para a comunidade de músicos que, entretanto, se consolidou em Portugal. A criação de comunidade e a sua sustentação, sublinhe-se, foi o nosso maior contributo, enquanto parceiro de uma rede, antes informal, de músicos, promotores, investigadores, jornalistas, professores, entre outros, abarcando um conjunto de vozes diversas, com diferentes experiências e papéis em diferentes contextos.

Neste prisma a Festa tem sido ao longo de 20 anos claramente o maior e mais completo observatório do jazz feito em Portugal criando momentos únicos de revelação de novos talentos e de novas propostas de músicos consagrados. É desde sempre o espaço aglutinador ao promover um encontro nacional anual, criando redes, formais e informais, apostando na criação, na improvisação, na pedagogia e na troca de saberes dos envolvidos, incluindo os jovens das escolas de jazz nacionais. Do Concurso Nacional de Escolas (de Jazz) têm saído, desde há 19 anos, a maioria dos grandes músicos actuais que por sua vez vêm iluminando os caminhos futuros da música improvisada feita em Portugal, e agora na Europa.

Por outro lado, e cumprindo a vocação da Festa, a programação reuniu e reúne as mais variadas tendências da música improvisada portuguesa estando atenta aos aspetos inclusivos. Por isso passados 20 anos e nesta edição que celebra este aniversário, a inclusão de mulheres no programa em quase 50% dos grupos programados é para nós indissociável da luta que todos temos de travar para chamar mais mulheres ao jazz português que ainda é muito machista, como o resto da sociedade. Não é por isso inocente a nossa vontade de continuar a estimular outros festivais a fazerem o mesmo. Deve ser dito que não se podem “inventar” mulheres no jazz quando não existem nas escolas, nos grupos e na comunidade. O caminho é longo e de difícil percurso devido a questões culturais que, neste e noutros temas como o colonialismo ou o racismo institucional, por exemplo, contribuem para uma maior periferia portuguesa na Europa, além da geográfica. Mas haveremos de conseguir.

Foi também para encurtar essa periferia, física, cultural e psicológica que a Sons da Lusofonia/Festa do Jazz tem trabalhado estrategicamente na Internacionalização do Jazz português. Para tal realizou em Lisboa em 2018, com a Europe Jazz Network, a Câmara Municipal de Lisboa e o Centro Cultural de Belém, a primeira conferência europeia de Jazz em Portugal (European Jazz Conference) em que finalmente os músicos de jazz portugueses foram apresentados à elite europeia de jazz, de forma cuidada e estratégica, que trouxemos a Lisboa. Por fazer parte da Rede Europeia de Jazz há mais de 10 anos, a Festa do Jazz reuniu a documentação necessária para criar recentemente, com vários parceiros nacionais, a primeira Rede Portuguesa de Jazz – Portugal Jazz – nome sob o qual foi programada a primeira embaixada de jazz levando, desta vez, as mais importantes entidades do Jazz nacional à maior feira mundial de jazz – Jazzahead! em Abril deste ano.

Embora de carácter nacional a FdJ continua estes caminhos promovendo o encontro de portugueses com músicos europeus, como fazemos nesta edição da Festa. Além de nacional, a Festa é um festival de Lisboa, cidade que o acolhe e projecta. Por isso queremos convidar os Lisboetas que tanto nos têm dado a vir viver connosco esta celebração dos 20 anos e por isso convidamos a cidade e os lisboetas no primeiro dia de concertos, dia 16 de Dezembro, no Grande Auditório do CCB, a estarem connosco.

A Festa do Jazz é, pelos confrontos e celebrações que fomenta, um lugar de verdadeira alegria. Nesta edição dos 20 anos as surpresas serão muitas e imperdíveis. Vejam o programa e venham fazer a Festa connosco.

Carlos Martins

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